Século 23. Em um mundo que superou os seus conflitos, as máquinas exercem um papel fundamental. Andróides trabalham lado a lado com os humanos, ajudando a construir um mundo novo. Mas, repentinamente, estranhos acidentes começam a acontecer. O Inspetor Bert é chamado para desvendar o mistério da destruição de alguns andróides e, auxiliado por seus amigos cientistas, ele chega à fatÃdica conclusão: trata-se de suicÃdios. Ambientado em um clima de ficção holocientÃfica, DEIXANDO DE EXISTIR discorre sobre temas existenciais como a eutanásia, a depressão e o suicÃdio com uma abordagem holÃstica e filosófica, provocando o leitor a refletir sobre a importância e o sentido da vida.
Leia, abaixo, as primeiras páginas do livro: Durante séculos esses seres, que se chamam “humanosâ€, registraram as histórias dos seus feitos. Nas paredes das cavernas, nos papiros, nos pergaminhos, em tijolos, em tábuas de madeira, no papel, nos discos, nas memórias dos computadores. Fatos registrados com a tinta vermelha do sangue daqueles que morreram nos conflitos, nas guerras, nas conquistas e colonizações. VÃtimas das ideologias, das ambições de poder, da fortuna, dos conflitos raciais, étnicos, ideológicos, religiosos e territoriais. Uma história escrita sempre pela mão dos vencedores. Após milênios de autodestruição esses seres cansaram de promover a catástrofe por onde passaram, qual uma nuvem de gafanhotos. Por várias vezes, em seu descontrole, estiveram na iminência de acabar com a sua própria espécie, numa hecatombe universal. Sobreviveram a inúmeras pestes provocadas por vÃrus que eles mesmos criaram, a três guerras mundiais e a uma catástrofe ambiental, após o degelo da calota polar que provocou a submersão de um quinto das terras do planeta. Da pedra lascada à energia nuclear, das flechas ao raio laser, desenvolveram as mais requintadas técnicas de eliminação dos seus semelhantes. Então, quem sabe se em consequência da elevada faixa etária dos terrÃcolas, por estarem cansados de tantas lutas inglórias, por quase deixarem de existir ou por tanto questionarem o seu papel no Universo, eles resolveram depor definitivamente as suas armas. Todos os recursos – antes desperdiçados em exércitos, armamentos e munições – foram revertidos para a erradicação da fome, da sede, das doenças e da miséria em todo o mundo. Uma nova etapa da História da Humanidade estava começando. Quatro gerações depois, a Terra seria um lugar completamente diferente, onde predominaria a paz, a justiça e a igualdade. Graças à s máquinas, a produção de bens aumentou exponencialmente, em quantidade e qualidade, e os serviços árduos já não precisavam mais serem realizados pelos frágeis homens. Mas nem todos conseguiram se adaptar a essa novÃssima ordem mundial. Parecia que alguns homens não foram programados para esse novo modo de vida, em que tudo parecia perfeito. Como efeito colateral da satisfação material surgiram as crises existenciais e o que anteriormente era uma endemia, caracterÃstica de algumas regiões, acabou tomando as proporções de uma grande epidemia: o suicÃdio. Só após muitos anos de trabalho e com a adoção de medidas nas áreas da saúde, do comportamento e da propaganda, o surto pôde ser controlado. E então, quando a História parecia ter chegado ao fim, quando aparentemente nada mais restaria a ser feito, nós, as máquinas, escrevemos um novo capÃtulo… |
Goulart Gomes |
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