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HISTÓRIA DA FICÇÃO CIENTÍFICA - parte 2

texto retirado do site http://orbita.starmedia.com/~necrose/index1.html
as informações contidas no texto são de responsabilidade do autor

John W. Campbell compreendeu a situação e, em 1938, quando se tornou editor de revista Astounding Stories, decidiu reabilitar o gênero (antes devemos dar crédito à Stanley G. Weinbaum, que em A Martian Odissey mostrava seres de outros planetas -Marte-, não como criaturas malévolas, mas como diferentes do ponto de vista humano)

A obra tivera grandeêxito. E com essa frágil crença, John W Campbell abriu as portas da sua revista aos autores que entendessem a Ficção Científica como digno e excelente campo de proliferação das melhores virtudes literárias (entre eles, um então jovem e amedrontado rapaz imigrante judeu de origem russa, ninguém menos que Isaac Asimov). Inicia-se então, a chamada "ERA DE OURO" da SCIENCE FICTION.

"Não se pretende que ela analise profundamente os grandes problemas da sociedade: basta que assuma maior racionalidade e se preocupe mais com o Homem e o Mundo". Este manifesto serviu de tábua da lei a muitos excelentes escritores que, encontrando o ambiente propício, surgiram em grande número e vivificaram a "Antecipação". Esta enorme reavaliação de um gênero cujas possibilidades se não achavam ainda esgotadas, não determinou, como é bem de ver, a morte automática das correntes anteriores. Ao lado das revistas que surgiram nesta época (Galaxy, The Magazine of Fantasy and Science Fiction, Fantastic,etc.) e das, que já existindo, se associaram ao movimento desencadeado por Campbell (Amazing Stories de Hugo Gernsback e a sua própria Astounding), continuaram a aparecer, durante muito tempo, revistas dedicadas à publicação exclusiva ou de "Space Operas" (Startling, Thrilling Wonder, Planet Stories, etc.)

Houve monstros sagrados que não desdenharam abordar a Ficção Científica. Aldou Huxley ("Admirável Mundo Novo"), George Orwell ("1984") e Karel Capek com o seu exemplo, contribuíram para a dignificação do gênero e provocaram salutar emulação por parte da plêiade de autores jovens que então surgiu. Inicia-se a grande era da "Social Science Fiction" em que proliferaram escritores excelentes como Ray Bradbury , sempre preocupado como o homem e seu meio (como por exemplo: "As Crônicas Marcianas"); Robert A. Heilein, profílico historiador do futuro (como por exemplo:"Friday"); Clifford D. Simak, grande trágico do Mundo "Que Há-de Vir"(como por exemplo: "A Revolta das Máquinas"); Isaac Asimov, estrapolando a imaginação e a tecnologia ("Fim da Eternidade"); Arthur C. Clarke, cientista de créditos firmados, engenhoso e irônico ("Um Dia no Século XXI"); Fredric Brown, insaciável narrador das situações mais bizarras; Jack Finney, todo dado à analize psicológica ("Os Invasores de Corpos"); Frank Herbert, criador de cenários extremamente complexos e realistas ("Duna"), e outros como A. E. van Vogt ("As Casas de Armas"), Frederick Pohl ("A Nave Escrava"), Theodore Sturgeon ("Vênus Mais X"), Poul Anderson ("Viagem ao Infinito"), L. Ron. Hubbard ("Campo de Batalha: Terra"), Ursula K. LeGuin ("Viagem no Tempo"), Phillip K. Dick ("We can remember it for you wholesale", o conto que deu origem ao filme "Total Recall"), Edmund Cooper ("A Humanidade Artificial") e mais posteriormente temos: Robert Silverberg ("Labirinto"), Charles Sheffield ("Maré de Verão"), Michael Crichton ("Enigma de Andrômeda"), Orson Scott Card ("O Abismo"), William Gibson ("Neuromancer") e tantos outros dedicados ao estudo das consequências sociológicas, ideológicas, políticas, morais, religiosas, jurídicas, artísticas e literárias, que poderão emergir das mil e uma plausíveis mutações que a evolução da humanidade traz em seu seio.

A grande arma da Ficção Científica é a imaginação, pode-se inventar e adaptar qualquer realidade ou cenário, com lapsos de tempo e espaço ou com as teorias mais insólitas, cabendo ao leitor separar o que é "Especulação Científica" ou apenas "Chute Científico".

No grande fluxo de obras-primas que surgiram desde 1938, foram-se estruturando os temas fundamentais da Ficção Científica. A básica dualidade -deslocação no tempo X deslocação no espaço- foi uma semente para vários argumentos. As viangens interplanetárias trouxeram à Terra os habitantes dos outros Mundos -uns amigos e amistosos, outros possuídos dos mais horríveis propósitos- e levaram o homem até aos confins do Universo. Por seu turno, sucederam-se os vaivéns na História, da Gênese até o Apocalipse, e ao lado destes passeios apareceu o tema dos universos paralelos, com sua mais famosa expresão em variadas incursões na quarta dimensão.

O "Filho das Estrelas": cena do Clássico "2001-Uma Odisséia no Espaço" de Stanley Kubrick. Considerado um dos melhores filmes da história do cinema, foi baseado no conto "O Sentinela" de Arthur C.Clarke, que mais tarde renderia o livro "2001- Odisséia Espacial" do mesmo autor. Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke escreveram em conjunto o roteiro durante os anos 60. O filme foi lançado 2 anos antes do homem atingir a Lua, transformando-o em uma espécie de profecia moderna. Hoje o filme é cultuado como um dos filmes mais belos e importante do cinema; opinião compartilhada também pelo nosso Webmaster.

Julio Verne, considerado como o "Pai da Ficção Científica" (deixando claro que não foi a primeira pessoa a escrever Ficção Científica, pois como exemplo, temos Mary Shelley que escreveu "Frankenstein" antes de qualquer livro de Julio Verne. Vale a pena lembrar, que "Frankestein" não é um livro de Terror como dizem; quem o pensa assim, provavelmente não leu o livro) escreveu vários Clássicos da Literatura Mundial, como "A Volta ao Mundo em 80 Dias", "20.000 Léguas Submarinas", "Viajem ao Centro da Terra". Suas obras inspiraram praticamente todos os escritores de Ficção Científica da primeira época. Seus livros renderam dezenas de adaptações para o cinema, principalmente o belíssimo "Volta ao Mundo em 80 dias" na década de 50 e uma outra nos anos 80.


A galeria de personagens engrandeceu-se com homens monstruosos e monstros quase humanos, com mutantes ferozes ou superinteligentes, com robots todo-poderosos e seres prodigiosos dotados das mais espantosas faculdades. Aqui e ali, o leitor antevia o Futuro, risonho às vezes, inquietante quase sempre, e sentia crescer-lhe a água na boca ao ler a descrição de terras utópicas de organização perfeita e eterna ventura, mesmo que pagando um preço alto por isso. (vide por exemplo, o conto: "Fora do Ritmo", disponível na NECROSE)

Coisas como a antigravidade e o poder mental passaram a ser moeda corrente na science fiction. A cibernética atingiu proporções escandalosas (por exemplo, temos o clássico: "Do Androids Dream of Eletric Sheep ?" de Philip K. Dick que deu origem ao Filme "Blade Runner" de Ridley Scott), obras de engenharia de escalas cósmicas eram normais ("Divergência" de Charles Sheffield e "3001" de Arthur C. Clarke), os mistérios da evolução foram submetidos a experiências nos laboratórios das grandes Indústrias ("Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley), viagens temporais não eram apenas teorias ( por exemplo "Viagem no Tempo" de Ursula K. LeGuin) e Planetas eram povoados com a vida em questão de décadas ("2061" de Arthur C. Clarke).

Por outro lado, incapaz de vencer o barro congênito, o Homem suportou, nessas narrativas, as mais incríveis dores e mais revoltantes humilhações (vide por exemplo "1984" de George Orwell). Foi escravo e tirano ("O Canto da Ave Maldita" do brasileiro Marcos Túlio Costa), perito e apóstolo ("Contato" de Carl Sagan), destruidor e benemérito ("Fundação" de Isaac Asimov). Venceu e foi derrotado ("Alien" de Alan Dean Foster), julgou ser o "Senhor do Mundo" e sucumbiu sob um grão de areia ("Duna" de Frank Herbert), pareceu aniquilado e esmagou seu opressor ("Guerra nas Estrelas" de George Lucas), ficou maravilhado e apavorado ao conhecer outros Mundos salpicando de vida ("Contatos Imediatos de Terceiro Grau" de Steven Spielberg). E neste caleidoscópio, o leitor, estupefato, viu-se conduzido numa malha infernal e interminável de deslumbramento.

Em 1945, com o ano I Era Atômica, a Ficção Científica sofreu o choque do Fato Científico e, porque o profetizara, ganhou novo prestígio e penetrou mais fundo em todas as camadas. Daí em diante e até hoje, não mais a Ficção Científica deixou de crescer. E se nem sempre a quantidade acompanha a qualidade, o certo é que, em todo o Mundo, a "Antecipação" assumiu grandes proporções e que se insinua nos escaninhos mais recônditos e toma de assalto bastiões tidos por inexpugnáveis.

Ano após ano, novas e importantes editoras se rendem ao seu fascínio; coleções exclusivas proliferaram e as antologias sucederam-se num ritmo acelerado. A science fiction -que sempre esteve à vontade no figurino menos rígido do conto e da noveleta- avassala as grandes revistas, especializadas ou não.

Retirado do site Necrose


Cartaz do filme "Metrópolis" do diretor austríaco Fritz Lang (1890-1976) em 1926. É considerado o primeiro Clássico de Ficção Científica do cinema. Uma dura crítica à Revolução Industrial, mostrando uma sociedade que se divide entre controladores e controlados; onde oferece uma ode ao socialismo. Um marco do cinema mundial. Possui uma concepção artística fenomenal que mantém o fascínio até os dias de hoje.

Arthur C. Clarke, ex-oficial da Real Força Aérea Britânica durante a II Guerra Mundial tornou-se um dos maiores nomes da Ficção Científica com obras memoráveis como "2001- Uma Odisséia no Espaço, "2010 - O Ano em que faremos Contato", "Rendez-vous com Rama", "As Fontes do Paraíso" e "O Fim da Infância". Escreveu centenas de contos e artigos sobre o homem no espaço e seu futuro. Um dos seus trabalhos durante a década de 40 serviram de base para o funcionamento dos satélites artificiais de hoje em dia, rendendo-lhe a chamada "Órbita Clarke". Recebeu dezenas de prêmios durante a vida por seus serviços prestados à Ciência Recentemente (dezembro de 97), recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II. Em um dos seus artigos publicados no livro " O Terceiro Planeta" na década de 60, previu o aparecimento da "redes de computadores" (BBS's e Internet) com "jornais eletrônicos" (virtuais), "telefonia portátil" (Celular), "televisão interativa e diferenciada" (TVs à Cabo) e os Ônibus Espaciais. Sempre refutou a fama de profeta, apenas se considera uma escritor de Fição Científica. Seu úlitmo livro, de dezembro de 1996: "3001 - A Odisséia Final" é um dos livros mais deslumbrantes já escrito. Dotado de um senso de humor ímpar, foi vencedor de vários Prêmios Hugo e Nebula

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