Coincidências estranhas: o sequestrador da filha
de Sílvio Santos está morto e, Patrícia não aparece mais nos jornais.
Depois de sua libertação, Patrícia (acima) deu uma entrevista coletiva
em casa (à esquerda) em que criticou o pai e defendeu os
seqüestradores.
O sequestrador, pobre, conseguiu alugar uma casa (à direita) em um dos
bairros mais nobres de São Paulo para servir de cativeiro.
Fernando (ao lado em foto destribuida pela polícia e, abaixo, já preso)...
... organizava eventos sociais da igreja, cantava no coral e chegou a
liderar o grupo de jovens da congregação. Era galante, sedutor.
Na invasão da casa do apresentador, foram sete horas de tensão onde
Fernando, apontando duas armas para a cabeça de Sílvio, exigiu a
presença de Geraldo Alckmin para se entregar. |
A trama é curiosa e inteligente. Está no site brasileiro ZeroZen,
na seção ZZ-Files. O site é feito por uma turma jovem (média de 25 anos
de idade), que prefere usar de humor para ironizar os teóricos
conspiratórios. Zero Zen descreve o sequestro de Patrícia Abravanel,
filha de Sílvio Santos, como uma farsa. Seu autor não quis se
identificar. Vale o apelido: FofoxMurder, uma evidente alusão ao
personagem principal do seriado Arquivo-X. Segue a íntegra de sua
teoria, construída em cima de artigos publicados em jornais e revistas:
"No dia 30 de
agosto de 2001, o Brasil parou perplexo. O apresentador Sílvio Santos
fora feito de refém dentro de sua própria casa por Fernando Dutra
Pinto, de 22 anos, que na semana anterior havia comandado o sequestro
de sua, filha Patrícia Abravanel. Foram sete
horas de tensão onde o rapaz - apontando duas armas para a cabeça do
apresentador - exigia a presença do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, para se entregar. Apenas 15 minutos depois da chegada do
governador, Fernando rendeu-se à polícia. Entretanto, inúmeras partes
de um complicado quebra-cabeça ficaram em branco. Senão, vejamos: Patrícia é
evangélica, Fernando também era. Patrícia freqüentava a Igreja Nova
Vida, junto com a mãe Íris Abravanel, e como o apresentador do show do
milhão é judeu, a religião era motivo de acaloradas discussões entre a
família. Curiosamente,
depois de sua libertação, Patrícia deu uma entrevista coletiva que mais
parecia uma pregação: ela criticou o pai e defendeu os seqüestradores.
O constrangimento foi tanto, que Sílvio Santos declarou, em aparente
tom de brincadeira, que se soubesse que aquele seria o discurso da
filha, tê-la-ia deixado mais tempo no cativeiro. Neste ponto,
Sílvio lançou a pista fundamental para desvendar toda a maquinação.
Patrícia Abravanel apaixonara-se por Fernando Dutra Pinto em algum
culto evangélico. Vale lembrar que ele organizava eventos sociais da
igreja Assembléia de Deus, cantava no coral e chegou a liderar o grupo
de jovens da congregação. Fernando era
galante, sedutor. Patrícia foi criada no mundo do "topa tudo por
dinheiro" e era presa fácil para a lábia dele. Obviamente, Sílvio
Santos jamais aceitaria que sua filha se envolvesse com Fernando. A
partir daí, o casal começou a imaginar um plano diabólico: o sequestro
de Patrícia, por ela mesma. Fernando, um
pobretão, conseguiu alugar uma casa imponente em um dos bairros mais
nobres de São Paulo para servir de cativeiro. Como isto foi possível?
Ora, não é difícil supor que o dinheiro do aluguel tivesse vindo de
Patrícia – um pequeno investimento para conseguir, com o resgate, uma
quantia maior, que serviria para que ela e Fernando fugissem para um
país distante. Vale dizer que, depois de libertada, Patrícia afirmou
várias vezes, de forma taxativa, que não sofreu perigo algum enquanto
esteve no cativeiro. Claro que com
o fracasso do sequestro, Fernando ficou em uma situação complicada,
ainda mais depois ser acusado da morte de dois policiais. Resultado?
Sentindo-se acuado pela polícia resolveu invadir a casa de Sílvio
Santos para revelar o que realmente tinha acontecido. Ele confessou
tudo em uma tentativa desesperada de continuar vivo. É fácil
provar isso. Sílvio foi abordado por Fernando numa área interna de sua
casa, perto das 6 e meia da manhã, quando ia para a sala de ginástica.
Ambos falaram pouco e baixo, tanto que não acordaram a mulher do
apresentador, Íris, nem as quatro filhas do casal. Sílvio, porém,
não ficou convencido das boas intenções de Fernando e já estava
pensando em como despachar o impertinente namorado de sua filha para os
quintos do inferno. Porém, em um rasgo de genialidade, Fernando
resolveu chamar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mais
prestígio para Sílvio, mais segurança para Fernando. Mas a condição
para ele se render seria ficar de boca fechada e jamais revelar a
verdade. Fernando está
com os dias contados. Na prisão ele deve acabar assassinado ou coisa
pior. Patrícia Abravanel deve ir morar no exterior para esquecer o
episódio. O casamento
de Sílvio Santos e Íris Abravanel, que estava passando por um período
de turbulência, voltou a ser um mar de tranqüilidade. Com todo o
espetáculo do sequestro, a audiência do SBT disparou. Considerações finais:
-
Um
detalhe mostra como o sequestro de Patrícia foi forjado e só poderia
acontecer com a sua colaboração. Criminosos disfarçados de carteiros a
teriam capturado quando ela se preparava para ir à faculdade às sete da
manhã. Isso lá é horário de entregar cartas?
-
Na
casa de Sílvio Santos, havia um circuito de vídeo e um sistema de
alarme ligado a uma empresa de segurança residencial. Como Fernando
teria conseguido entrar? A hipótese mais provável é que alguém de
dentro (Patrícia) tivesse desligado o sistema. "
As
hipóteses levantadas por FofoxMurder foram colocadas em seu site, logo
depois do episódio. Como se sabe, Fernando Dutra Pinto morreu
misteriosamente na prisão. E de Patrícia Abravanel nunca mais se ouviu
falar. Ps.: Matéria de agosto de 2002, antes do novo acordo ortográfico entrar em vigor. |